Imigrante participa de ato pró-imigração em Londres |
Um estudo feito pelo Ministério do Interior da Grã-Bretanha concluiu que os imigrantes no país trabalham mais e por mais horas que seus colegas britânicos e, por isso, também ganham mais.
O estudo, do qual participou ainda o Tesouro britânico e diversas instituições do governo, afirmou que os trabalhadores estrangeiros são em alguns casos mais confiáveis, dedicados e qualificados que seus colegas nativos.
O documento servirá de base para as políticas do governo em relação ao tema.
A Grã-Bretanha é um dos países que mais receberam imigrantes desde que a União Européia (UE) iniciou a inclusão de países do Leste Europeu. Um em cada oito trabalhadores britânicos é estrangeiro – 12,5% da mão de obra ativa, ante 7,4% dez anos antes, revelou o estudo.
Só no ano passado, 574 mil imigrantes entraram no país para passar pelo menos um ano, praticamente o dobro do nível verificado dez anos antes. Mas a saída de outros 385 mil resultou em um aumento líquido de 189 mil imigrantes no país, disse o Ministério do Interior.
Salários
O estudo destacou que metade (49%) dos estrangeiros trabalhando na Grã-Bretanha ocupa posições consideradas de alta qualificação. Isto também significa que os imigrantes recebem, em média, salários mais altos que muitos britânicos.
Australianos e neozelandeses ganham um salário médio de cerca de 650 libras por semana (cerca de R$ 2,4 mil), seguidos de perto por trabalhadores das Américas e do Oriente Médio.
Em compensação, trabalhadores dos países do Leste Europeu que passaram a integrar a UE têm uma média salarial de pouco mais de 300 libras semanais, disse o estudo.
Imigrantes são 12,5% da força de trabalho britânica, diz estudo |
Em média, trabalhadores estrangeiros ganham um salário de 424 libras semanais, contra 395 libras semanais de trabalhadores britânicos.
Os salários relativamente elevados também significam que os imigrantes geram mais riqueza para a Grã-Bretanha do que consomem.
Em 1999-2000, os imigrantes contribuíram com 8,8% da receita do governo, e consumiram 8,4% dos gastos. Em 2003-04, a imigração colaborou com 10% das receitas e 9,1% dos gastos oficiais.
"No longo prazo, é provável que a contribuição líquida de um imigrante seja maior que a de um não-imigrante. Para imigrantes em idade ativa isto já é claro, porque a Grã-Bretanha recebe a contribuição fiscal do seu trabalho sem pagar pela sua educação ou treinamento", diz o relatório.
"Mesmo para crianças pequenas, no longo prazo a migração para a Grã-Bretanha ainda deve significar uma transferência líquida fiscal para a população nativa."
''Portas abertas''
Empregadores ouvidos em pesquisas qualitativas disseram que em setores como agricultura, hotéis e alimentação, trabalhadores imigrantes se mostraram mais confiáveis que os nativos, que, às vezes, comparecem a entrevistas de emprego só para dizer que estão em busca de trabalho na hora de pedir o seguro-desemprego.
Na construção civil, onde é notória a presença de poloneses, patrões consideraram trabalhadores estrangeiros "mais motivados e qualificados".
"Menos mencionado, mas subentendido nesses comentários, está o fato de trabalhadores imigrantes terem mais tendência a se contentar com o salário mínimo", disse o estudo.
No longo prazo, é provável que a contribuição líquida de um imigrante seja maior que a de um não-imigrante. Para imigrantes em idade ativa isto já é claro, porque a Grã-Bretanha recebe a contribuição fiscal do seu trabalho sem pagar pela sua educação ou treinamento. Estudo do governo britânico |
Mas a ampla pesquisa também apontou problemas advindos da política migratória do governo, conhecida como "de portas abertas".
Do ponto de vista dos nativos, os maiores problemas são o encarecimento das propriedades – e com elas o aumento do número de sem-teto – a pressão sobre os serviços de educação e saúde e a ocorrência de crimes.