Resumo e resenha do livro Filosofia da Educação, de Cipriano Carlos Luckesi. - Prof. Richard Abreu (2024)

4.4

(30)

Filosofia da Educação, de Cipriano Carlos Luckesi,é um livro de leitura essencial para todos que lidam com a educação. Trata-se de uma obra fundamental, pois diz respeito exatamente aos sentidos da atividade docente. Em Filosofia da Educação, Luckesi busca trazer do censo comum à prática consciente, a ação do professor em sala de aula.

Organizado em três partes, o livro está dividido em 10 capítulos e possui 222 páginas de pura reflexão sobre o fazer pedagógico. Você poderá comprá-lo nas principais livrarias do país ou no site da Amazon, clicando aqui. Vale lembrar que esta não é uma resenha acadêmica, mas uma apresentação sucinta do livro, que visa, principalmente, subsidiar potenciais e futuros leitores antes da compra.

Primeiro parágrafo do livro Filosofia da Educação.

A educação é uma prática humana direcionada por uma determinada concepção teórica. A prática pedagógica está articulada com uma pedagogia, que nada mais é que uma concepção filosófica da educação. Tal concepção ordena os elementos que direcionam a prática educacional

(LUCKESI, 2011, p. 33)

Primeira parte: Da Filosofia da Educação à Pedagogia.

A primeira parte do livro de Luckesi ocupa-se em explicitar que a educação não é um ato nulo de intencionalidades. Consciente ou inconscientemente, nós professores, ao nos apropriarmos de nosso ofício, estamos exercendo um ato eivado de compromisso político. Logo, quanto mais conscientes estamos de nossas ações, menos suscetíveis estamos de ser meros instrumentos de uma intenção estranha a nós. Para Luckesi, todo ato de educar assenta-se sobre uma concepção filosófica. Se, como docentes, não desenvolvemos o ato reflexivo sobre nossa prática, nos tornamos reprodutores de ideias e valores não pensados por nós.

Já vimos que quando não temos uma corpo filosófico que dê sentido e oriente a nossa vida, assumimos o que é comum e hegemônico na sociedade; assumimos o “senso comum”, que é o conjunto de valores assimilados espontaneamente, na vivência cotidiana

Assim sendo, não há como se processar uma ação pedagógica sem uma correspondente reflexão filosófica. Se a reflexão não for realizada conscientemente, ela o será sob a forma do “senso comum”, assimilada ao longo da convivência dentro de um grupo. Se a ação pedagógica não se processar a partir de conceitos e valores explícitos e conscientes, ela se processará, queiramos ou não, baseada em conceitos e valore que a sociedade propõe a partir de sua postura atual.

LUCKESI, 2011, P. 47

O trecho acima é um enxerto do primeiro capítulo do livro de Luckesi, que trata do ato de filosofar e sua relação com a pedagogia. No capítulo dois, “Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação”, o autor aborda as três tendências predominantes no pensamento pedagógico: a educação como redenção, a educação como reprodução da sociedade e a educação como transformação da sociedade, e discorre sobre cada uma delas e seus principais autores.

Apresentamos três tendências filosóficas de interpretação da educação que redundam em formas de agir, politicamente, no contexto da prática pedagógica. A tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista político, acreditando que a educação tem poderes quase absolutos sobre a sociedade. A tendência reprodutivista é crítica em relação à compreensão da educação na sociedade, porém, pessimista, não vendo qualquer saída para ela, a não ser submeter-se aos seus condicionantes. Por último, a tendência transformadora, que é crítica, recusa-se tanto ao otimismo ilusório, quanto ao pessimismo imobilizador. Por isso, propõe-se compreender a educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para a sua transformação.

(LUCKESI, 2011, p 68)

No capítulo três do livro, “Tendências pedagógicas na prática escolar”, Luckesi faz uso autorizado e na íntegra do capítulo 1 do livro “Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos”, de José Carlos Libâneo. É o capítulo mais didático do livro de Luckesi, onde são dadas as características detalhadas de cada uma das tendências pedagógicas propriamente ditas. Estas tendências são organizadas em duas grandes correntes “Pedagogia Liberal” e “Pedagogia Progressista” e desdobradas, conforme suas características, da seguinte forma:

  • Pedagogia liberal Tradicional
    • Renovada progressivista
    • Renovada não diretiva
    • Tecnicista
  • Pedagogia Progressista Libertadora
    • Libertária
    • Crítico-social dos conteúdos

Em cada uma das tendências, Luckesi apud Libâneo, aponta a teoria e o pensamento filosófico que às sustém, indicando inclusive os métodos de ação pedagógica característicos de cada uma. Estas tendências não são estanques em si mesmo, ora se complementam, ora divergem, mas guardam aspectos individualizados que se manifestam na prática do professor em sala de aula.

É evidente que tanto as tendências quanto as manifestações não são puras nem mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer classificação. Em alguns casos as tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática em sala de aula.

(LUCKESI, 2011, p. 72)

Por fim, chegamos ao quarto e último capítulo da primeira parte do livro de Luckesi: “A escola que queremos: instância onde a Pedagogia se faz prática docente”. Aqui Luckesi faz um breve histórico do papel da escola na sociedade ao longo da história. Conforme as organizações sociais aumentaram seu nível de complexidade, a escola foi se tornando a instância social responsável pela transmissão dos saberes socialmente acumulados.

Portanto, a escola nasceu de uma necessidade do próprio processo social, à medida que este se tornou mais complexo. A escola cresceu e ganhou novas estruturas à medida que as sociedades também foram gerando novas necessidades.

(LUCKESI, 2011, p. 100)

Assim, a escola tornou-se intermediadora dos valores e concepções do mundo de grupos dominantes, não raro, alijando do processo de conhecimento aqueles menos favorecidos socialmente, na maioria das vezes, relegados a uma educação de segundo nível. Assim, sucedem-se e coabitam tendências pedagógicas que em essência são a expressão de concepções de mundo que se consubstanciam na educação escolar:

Desse modo, por exemplo, tivemos a educação tradicional, articulada com o pensamento filosófico essencialista, seja na modalidade aristotélicotomista, seja na modalidade do naturalismo renascentista. Tivemos em fins do século passado e início deste, a pedagogia “renovada”, fundada nos pressupostos das filosofias da existência, traduzidos, especialmente, pelo pensamento de Rousseau e dos filósofos da “existência” e, traduzidos na educação, pelo pensamento pedagógico de Pestalozzi, de Maria Montessori, de Jonh Dewey e de muitos outros. Mais recentemente, a Pedagogia, sob a forma tecnicista, traduziu as aspirações de racionalidade do capitalismo avançado.

(LUCKESI, 2011, p. 106)

Luckesi vislumbra caminhos para a escola que queremos, que é “aquela onde os educadores estão profundamente interessados na educação de seus alunos” e portanto, o “local onde educadores e educandos em uma relação democrática – porque interessados em um único objetivo, dedicam-se conjuntamente em atividades que elevam o seu modo de ser e de viver”.

“Orelha” do livro.

Concluímos aqui a proposta deste post com uma breve apresentação da primeira parte do livro Filosofia da Educação, de Cipriano Carlos Luckesi. Para complementar, apresentamos abaixo o texto da ‘orelha’ da edição aqui utilizada.

Este livro foi publicado no ano de 1990, com 25 sucessivas reimpressões, e, agora, vai ao pública em segunda edição. Para esta edição, o corpo do livro continua o mesmo. Não foram efetuadas modificações nem em seu conteúdo nem em sua expressão, a menos naquilo que se refere à adaptação à nova ortografia, decorrente do Acordo Ortográfico entre Países Signatários da Língua Portuguesa. O livro apresenta um novo prefácio contendo as perspectivas de novas abordagens aos temas tratados e, em sua estrutura, aborda a Filosofia como uma forma de conhecer e pensar o cotidiano escolar, suas metas, seus recursos, assim como suas práticas. É um guia que auxilia educadores e estudantes em preparação para a docência a aprender metodologicamente a investigar e meditar filosoficamente sobre os eventos pedagógicos do cotidiano escolar. Como bem cabe ao ato de filosofar, inicia-se pelo inventário do senso comum, ultrapassando-o criticamente para chegar a uma proposição consciente dos valores e significados que devem orientar a vida no que se refere à prática educativa escolar.

Edição da resenha:

Foi utilizada para esta resenha, 3ª Edição do livro Filosofia da Educação, em 4ª reimpressão. 2011. Cortez Editora.

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Prof. Richard Abreu

Professor, especialista em Metodologia do Ensino de História. Autor deste blog. Além da História, estão em seu radar de interesses a economia, a tecnologia, a astronomia e a filosofia.

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